tag:blogger.com,1999:blog-6864594932735383642024-02-20T10:39:31.261-08:00Anima ignis, glacie cordispsicanálise de um todo desabitado de humanidade mas pejado de tiDaniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.comBlogger45125tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-84539546315993515772015-06-25T13:54:00.001-07:002015-06-25T13:54:16.584-07:00o toque das vezes que penso em ti<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">o
equilíbrio é inútil se não espiarmos o abismo, sentindo a adrenalina das
fatalidades. dentro de ti, existirá sempre um pedaço de mim, porque eu assim o
quis. esculpi em ti imagens que acredito que, por breves momentos, subtilmente
te apiedam e amaciam a existência. para sempre admirarei esse teu privilégio de
conseguires em mim uma nudez de alma leviana e a tua capacidade de viver sem
que o destino te atropele ou arraste, criando em ti essa displicência divina. </span></span><br /><span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">sempre
procurei camuflar, pelas sombras do meu desvanecimento e na simplicidade dos
teus sinais, o que o meu espírito avassalou e sentiu por ti. mas, propensa ao
fim, tendi a emanar a verdade e a estampa-la em cada palavra proferida. <br />hoje sei que nunca devia ter ansiado pelo eclipse da tua alma, pela morte dos meus
desejos e pela desarmonia dos nossos pensamentos. tudo se contrastou e se
cultivou pelos perfis da saudade e pelos contornos dos refúgios impensados. agora resta-me relembrar os </span></span><span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">momentos em que as tuas palavras
ecoavam na minha mente. quando o mundo se transformava e ficava só teu.
quando os meus olhos te adivinhavam mesmo antes de te verem. quando tudo o que
tinha de ser dito, era dito sem palavras, mas usava o brilho dos teus meneios. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">há
coisas que nunca se esquecem nem se alteram, por mais improfícua que seja a sua
vantagem. constroem e sustentam o nosso ser. e tu, és uma delas. a criatura
mais insensível e impassível que conheço, porém, a que mais amei.</span></span><span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span></span><span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">espero também que te lembres que é impossível ser-se humano quando outrora se
furtou a alma a alguém. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">em
alguns momentos ainda te sinto a acompanhar o rasto que deixo a correr. talvez
ainda oiças o murmúrio do meu inconsciente, ou o toque das vezes que penso em
ti. talvez ainda seja para ti, uma energia insuperável do tempo, que espera de
ti apenas o que és. ou talvez, talvez nunca saberás.</span></span></div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-16068024588531307072015-06-12T14:54:00.002-07:002015-06-25T13:40:45.897-07:00Deixa andar, deixa ser<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">"Tenho o teu abraço cheio<br />
Com a solidão no meio<br />
Que não me deixa abraçar<br />
Tenho o teu olhar presente<br />
E o desenhar do movimento do teu corpo a chegar<br />
Tenho o teu riso sentado<br />
Mistério do teu lado que preciso desprender<br />
Tenho o corpo a correr<br />
Tenho a noite a trespassar<br />
Tenho medo de te ver<br />
É perigoso este perfume<br />
E a memoria do teu nome<br />
É do fogo que nos une<br />
Tenho espaço indeciso<br />
Dá-me mais porque preciso<br />
Mais um sopro do que tens</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">Deixa andar<br />
Deixa ser<br />
Quando queres entender o que não podes disfarçar<br />
Escolhes não sentir mas não é teu para decidir</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">(...) </span></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">Mistério do teu lado<br />
Entre o certo e o errado<br />
Bem e o mal em discussão<br />
Volta a teu o abraço cheio com o coração no meio<br />
Volto eu a disparar<br />
Não percebo o que queres<br />
Diz-me tu o que preferes<br />
Ir embora ou ficar<br />
Este espaço intermédio<br />
Entre a paz e o assédio não nos deixa evoluir<br />
Não é dor nem fogo posto<br />
É amar sem ser suposto<br />
É difícil resistir"</span></span><br />
<br />
<i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">(Tiago Bettencourt, Largar O Que Há em Vão) </span></span></i>Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-41085005937425438422014-01-20T23:02:00.002-08:002015-06-12T14:52:53.665-07:00imprints<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19.933334350585938px;">"- are you over him?</span><br style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19.933334350585938px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19.933334350585938px;">- in some ways, I think I'll never be over him.</span><br style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19.933334350585938px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19.933334350585938px;">- that is such an unsatisfying answer.</span><br style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19.933334350585938px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19.933334350585938px;">- that's because you're interpreting it the wrong way. i don't mean it as a wistful, overdramatic declaration. i meant that the love I felt for him was huge and real, and, while painful, it forever changed me as a person. the important people in our lives leave imprints. they may stay or go in the physical realm, but they are always there in your heart, because they helped you from your heart. there's no getting over that." </span></span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19.933334350585938px;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></span>
<span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19.933334350585938px;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">- <i>Dash and Lily's Book of Dares</i></span></span>Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-26345027066678618382013-10-06T11:17:00.000-07:002013-12-31T09:36:52.186-08:00contradiction<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;">"when I first met you, I felt a kind of contradiction in you. you’re seeking something, but at the same time, you are running away for all you’re worth."</span><br style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;">-Haruki Murakami, Kafka on the Shore</span></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #37404e; font-size: 13px; line-height: 18px;"><br /></span></span>Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-22604621257293903522013-04-27T13:47:00.001-07:002014-01-02T12:25:55.800-08:00ringraziare<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 18.88888931274414px;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">sei que prometi nunca mais te escrever, mas os meus músculos recusam controlar os meus dedos e a minha mente ignora os meus pedidos de cooperação. na verdade, és a única pessoa sobre a qual consigo efectivamente escrever, para grande desassossego meu. desconheço a razão mas desconfio que seja porque a escrita sempre foi o meu mecanismo para que, de certa forma, estivesse mais perto de ti. mesmo quando quilómetros nos separavam, eu mergulhava em ti tão profundamente que conseguia criar uma pobre e efémera realidade em que estavas a meu lado. quase como uma espécie de transe. penso que o meu corpo já te entranhou de tal forma, que te irei amar sempre, mesmo quando amar outro alguém. deixaste-me marcas e espaços vazios que são a constante memória que quando te perdi, parte de mim desapareceu também e nunca a vou recuperar. já passaram anos desde a última vez que te vi, mas não existiu desde aí um único dia em que não me cruzasses a mente. por vezes questiono se também eu cruzo a tua... rapidamente desanimo pois calculo que devem ser ínfimas as vezes que saltito pelo teu consciente e te faço recordar que alguém te pode amar incondicionalmente; mesmo quando te tornas num monstro impiedoso totalmente desprovido de humanidade. </span></span></div>
<span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 18.88888931274414px; text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">também eu já segui em frente, sabes? embora seguir em frente contigo implique que parte de mim fique para sempre condenada a olhar para trás com melancolia, fi-lo. tenho aprendido a amar, embora de forma totalmente diferente. nunca amarei como amei a ti e nunca acharei que encaixo como peça de um puzzle, mas não tenho feito um mau trabalho. não posso esperar mais que isso, seria irrealista e desajustado. tenho que deixar a vida ensinar-me a ser feliz de uma forma completamente oposta à que achava como verdadeira. tenho de aprender a viver sem ti.. mas viver meia-viva, pois a outra metade foi contigo. de qualquer forma, ''melhor queimar do que apagar aos poucos''.</span></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 18.88888931274414px;">
</span><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 18.88888931274414px;"></span>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 18.88888931274414px;"><span style="font-size: x-small; line-height: 18.88888931274414px;">queria que soubesses que os teus olhos ainda me deixam entorpecida. que eles, negros como uma noite sem lua, ainda me fazem sentir presa e incapaz de reagir. me fazem sentir protegida e desprotegida ao mesmo tempo, a doce contradição a que me sucumbiste desde o início e sempre me pareceu tão certa. tenho saudades da tua voz impetuosa, dos teus cabelos de Outono, do teu sorriso e do teu semi-sorriso também. tenho saudades dos teus braços, do teu cheiro e da curva dos teus lábios. tenho saudades de quando acreditava que um dia os ponteiros do relógio iriam congelar e nós iríamos criar um mundo só nosso e eterno... e que aí nos fundiríamos um no outro e viveríamos numa simbiose imperfeita ao nosso jeito perfeito. mas é impossível sobreviver na ilusão, na incerteza e na incoerência e eventualmente o corpo consegue arranjar um antídoto às esperas intermináveis.</span></span></span></div>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 18.88888931274414px;">
</span><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 18.88888931274414px;"></span>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 18.88888931274414px;"><span style="font-size: x-small; line-height: 18.88888931274414px;">eu não posso dizer que sei muito sobre amor, mas sei que ele é a força mais poderosa do Mundo. não existe nenhuma certeza tão certa como a certeza de amar alguém. quando é amor, não deixa de o ser. e eu sempre soube isso. o tempo vai passar e as nossas vidas irão mudar drasticamente. as crianças que éramos no início já cresceram e já se moldaram ao mundo real. provavelmente o teu corpo vai mudar de forma e os teus cabelos negros vão lentamente abrir espaço a delicados fios de neve. e, quando a lua repousar no seu ponto mais alto, vai ser ela que te vai escutar a tocar guitarra e a vibrar o ar. vai ser ela que vai presenciar como estremeces com as notas musicais e como os teus olhos mudam de cor à medida que acaricias as cordas. e eu, estando do outro lado do mundo ou deste, vou continuar com a mesma certeza que te amei da forma mais intensa e bonita que conheço. e que valeu a pena.</span></span></span></div>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 18.88888931274414px;">
</span><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 18.88888931274414px;"></span>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 18.88888931274414px;"><span style="font-size: x-small; line-height: 18.88888931274414px;">se um dia alguém me amar pelo que sou, ama-me pela pessoa em que me tornaste. por isso, isto são mais que despedidas, são agradecimentos. não voltarei a tentar esquecer-te, pois não esquecemos quem foi toda a nossa realidade um dia. acho que continuarei a escrever sempre que sentir que preciso desta proximidade irreal de ti, de reunir forças para encarar o que a vida oferece. mas, finalmente entendo o que dizem. q<i>uando se ama verdadeiramente alguém, temos de as deixar ir e viver livremente.</i></span></span></span></div>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;">
</span></span>Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-11907457897534011672013-01-21T10:56:00.004-08:002014-01-20T23:09:59.742-08:00mil quatrocentos e sessenta dias<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">já vivemos dez meses desde a
última vez que te escrevi. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">parece que perdi a habilidade de
juntar as palavras e as conciliar de forma a expelirem tudo o que sentia por ti. na realidade, o dilema será mesmo o meu sentir. é um oco intimidante que apenas
por vezes se cobre de latejos e impulsos incertos. agora, quando reconheço a
distância que separa os nossos corações, <i>já não lamento que o meu futuro não
conte com a tua presença.</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">sei que jamais experimentarei o
calor dos teus braços ou ouvirei a tua voz só porque sim, mas <i>já não dói</i>. algo
roubou o lugar da tristeza e as memórias já não me deixam tonta. nunca pensei
que fosse possível ficares latente e unicamente seres revivido em<i> introspecções
ou causalidades</i>. é estranho saber que <b>perdemos parte de nós, mas não sofremos
com a sua ausência.</b> talvez seja um mecanismo de defesa por sabermos que jamais
alguém conseguirá preencher esse espaço, que jamais permitiremos que alguém
enrole o nosso âmago e faça dele objecto da sua vontade. outras pessoas irão preenchendo outros
espaços e recantos, deixando a sua marca impregnada em mim. mas o teu
permanecerá sempre desabitado e um dia optarei por me esquecer que ele existe. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">é tormentoso reler o que em
tempos redigi. absolutamente desnorteante admitir que me entreguei daquela
forma. admitir que descansei nas tuas mãos por tanto tempo. que me resumi a
nada numa espera interminável e deixei que as tuas palavras me lacerassem como
facas afiadas. era tão doida, tão incansável, tão insana,… tão tua. e tu eras o
sol impetuoso no qual arrisquei tocar tantas vezes, mesmo sabendo que me irias
queimar. eras eloquente, taciturno, impulsivo… mas nunca meu. tu nunca
pertencerás a alguém, mas deterás quem a tua vontade escolher. e sei que sabes
que assim nunca serás nem farás ninguém inteiramente feliz. e eu mereço sê-lo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><i>nunca me tinha sentido tão viva
</i>até ao momento em que me desprendi de ti. não posso negar que me tornaste mais
débil, indiferente e fria. mas também aprendi que, mesmo quando alguém te
calcou e esmiuçou, <i>existe sempre outro alguém que está na tua vida porque te
vai fazer feliz.</i> a vida pode mesmo ser um ciclo vicioso. as pessoas entram nela
durante algum tempo mas depois abandonam-na porque a felicidade, como água
fugaz, tenta escapar por entre os nossos dedos e mantê-la exige <b>esforço</b>. algumas das pessoas que arriscam penetrar no teu ciclo, não temerão esse
trabalho. sussurrarão as palavras certas ao teu ouvido e os seus abraços
far-te-ão sentir em casa. e se alguém negou o teu esforço no passado, estarás
melhor preparado para saber quando tens perante ti alguém que merece que te
entregues de novo. ensinaste-me que <i>já não preciso de ter medo</i>. essa entrega
valerá a pena, pois essa pessoa unirá o seu esforço comigo e estarmos juntos
vai ser tão simples. vamos estar exactamente como devemos estar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">já não te pertenço e tu já não me
queimas. já não és o meu sol. és apenas memória de um passado doloroso que partiu e eventualmente dará lugar a algo melhor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">mil quatrocentos e sessenta
dias depois, (penso que) <b>esta é a última vez que te escrevo.</b></span><o:p></o:p></div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-90356158109089752013-01-20T11:50:00.000-08:002014-01-20T23:14:56.371-08:00fugas, neuroses e recalques<div class="MsoNormal">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">faz muito tempo, petrifiquei o coração. deixei-o endurecer para que ele não continuasse a insistir em me imobilizar diante as mais diversas circunstâncias. para que parasse de me verbalizar quando eu deveria ser muda, surda e por vezes cega. por isso noto que te posso etiquetar de erro. um tropeção, mas que eu cometeria de novo. gosto das tuas crónicas. das emoções contraditórias, confusas. de ler entre-linhas e de esconderes nelas o que não quero ler. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">a vida é feita de momentos e de escolhas. contigo foi extremo. vi todos os meus anseios numa figura só - o acre mais doce e o mel mais amargo. por isso quebrei as minhas juras, os meus protestos e deixei-te entrar silenciosamente – para não despertar a razão. foi por isso que, mesmo efémeros, os instantes em que foste meu sempre me converteram numa insana pandemia e na incessante ânsia de querer mais. sei que seriamos bons amigos. tenho a certeza que seriamos ainda melhores inimigos. mas optei que fosses esta incerteza sem nome, sem tempo e sem motivo. lamento que tu tenhas optado ser saudade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">queria-te pedir para ficares, mas emudeci - ou emudeceste-me. mas mesmo que o destino seja feito de dubiedades, mesmo que nada de prescrito exista para nós há sempre a hipótese de se<o:p></o:p>rmos felizes... e o risco já não me atormenta nem me detém. contudo, não te procuro mais. deixo-te livre para que se a minha falta te inquietar me procures. o que é real, autêntico e verdadeiro fica. e se já foi, volta. </span></div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-69519413707278185212012-04-10T13:33:00.008-07:002014-01-21T09:07:16.616-08:00somos<div align="justify">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">somos todos fragmentos estilhaçados, desesperados para nos encaixarmos na angústia ou felicidade de outros âmagos atarantados como nós.<br />vivemos em simbioses incertas, competindo como monstros insaciáveis; famintos de um tudo que se revela em nada ou quase nada.<br />falamos em controlo, razão e outros vocábulos que pretendem minimizar as nossas ânsias enquanto, na inocente ironia, os nossos olhos giram como relógios adiantados que voltam sempre ao mesmo lugar.<br />damos as mãos como quem entrelaça a alma, como quem une o que mais incorpóreo tem. falamos, travando o que realmente queriamos falar: enchendo o mundo de palavras soltas e perdidas, que gritam todo o amor e todo o ódio que já existiu... mas nunca se viu.<br />fingimos que nos abraços não nos fundimos. que aqueles segundos não se podiam estender eternamente até os nossos corações desistirem de ser trapezistas da vida... e continuaríamos presos. deixamos a porta do nosso espírito aberta, com a chave perdida na louca poesia de outrora... e os outros pedaços de outros, que em nós se foram apaziguando, fogem, caem, extinguem-se. escapam-nos entre os dedos, como água cristalina. e nós juramos com todo o fervor no sangue que fomos roubados, que essa porta foi arrombada e fechamo-la para sempre.<br />depois dizemos ser sós, pobres e tristes. <strong>triste é a nossa ignorante inconsciência.</strong></span></div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-80716070954489477632011-12-04T15:01:00.000-08:002014-01-24T10:46:10.334-08:00és o sol sozinho<div>
<div align="justify">
'<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">'Se ao menos soubesses tudo o que eu não disse<br />Ou se ao menos me desses as mãos como quem beija<br />E não partisses, assim, empurrando o vento<br />Com o coração aflito, sufocado de segredos<br /><br />Se ao menos tivesses levado as minhas mãos para tocar os teus dedos<br />Para guardar o teu corpo<br /><br />Se ao menos tivesses quebrado o riso frio dos espelhos<br />Onde o teu rosto se esconde no meu rosto<br />E a minha boca lembra a tua despedida,<br />Talvez que, hoje, meu amor, eu pudesse esquecer<br />Essa cor perdida nos teus olhos''<br /><i>(Joaquim Pessoa)</i></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><i><br /></i></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><i><br /></i>tantas vezes tropecei na melifluidade das tuas palavras e me consumi no reflexo dos teus meneios. e outras tantas esmoreci em poeira gasta, com a voz queimada do ar que exalas. estudei o movimento das tuas pálpebras e a maneira como sacudias os lábios. estudei as tuas formas grosseiras e incompletas e as tuas mãos em chama. e quanto mais intenso tudo era, mais débil se elevava e se aproximava. como se tudo fosse cegueira, enfermidade. como se este cosmos nada mais fosse que juras e reflexões de um alienado coração, escondido na mudez da noite, à espera do teu rir. pensei achar o mundo nos teus olhos, toda a carne no teu corpo e todo o desejo no teu âmago. pensei seres o infinito. pensei seres toda a minha memória, toda a minha essência. ignorei as pulsações que se contorciam, os corpos emaranhados e os lábios calcados. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">agora és o sol solitário. resides somente em ti e declino acercar-me. quanto mais te olho, mais me ofusco. estamos à perfeita distância. se me aproximar, incendeio. se me afastar, congelo. se me desejares, destróis-te. contemplo-te sem te fitar e confundo-me com a sombra que me cedes. agora vejo o que nunca quis ver.</span></div>
</div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-89299862601941938222011-09-01T15:53:00.000-07:002014-01-24T10:47:36.116-08:00lua cheia<div align="center" style="text-align: right;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">''A lua está cheia, o que me fez pensar em ti. Pois sei que não importa o que estou a fazer, e onde estou, esta lua será sempre do mesmo tamanho da tua do outro lado do mundo''</span></div>
<div align="center" style="text-align: right;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: xx-small;"><i>(adaptado)</i></span></div>
<a href="http://tinypic.com/?ref=212ft6g" target="_blank"></a><br />
<div align="left">
</div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-39583090786062673172011-07-14T09:20:00.000-07:002014-01-24T10:50:12.109-08:00opiáceo<div align="justify">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"> posso-te subtrair às escondidas e levar-te como o meu refém privado?<br /><br /><br /> já não me recordo da tua voz. está rasurada, morta e soa apenas como um grunhido emudecido. era a última realidade que de ti me sobrava. o teu grito. o teu clamor. a tua súplica. e o teu riso... aquele ruído morno e suave, uma sinestesia perfeita, a maior das metaforas. e eu que pedi ao tempo, que implorei à sua displicência que não a consumisse. que não me desistisse. que não assassinasse a lembrança do que mais me estremecia e dava existência. que não me abdicasse,não me descartasse.. sem a tua marca e a tua chama. mas ele levou-a. e com ela levou-te a ti. levou o teu sangue amargo e cítrico. apunhalou-me com o seu menosprezo, procurou moer-me o coração e levou a minha alma com ele. levou o que ainda me apertava ao teu âmago por fios incorpóreos que só vias quando olhavas para trás afadigado e moído, carente até. e era só um som. um estúpido som de tantos que a minha mente ecoa. um som nas reminiscências de tantos sonhos que ela pinta e imortaliza. um estúpido som, logo o único que pedi não esquecer. foi então que percebi que <strong>o tempo é um mero opiáceo que lentamente nos suga tudo o que planeámos jamais destruir</strong>.</span></div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-10152170936995608382011-01-16T09:13:00.001-08:002014-01-24T10:55:37.357-08:00a guitarra, os teus dedos, os teus olhos<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">como <span style="font-weight: bold;">odeio os teus olhos</span>. essa curva de difícil compreensão que se inclina para quem olhas. como o sangue corre neles e grita tudo num só, nada num todo... não os consigo olhar e é por isso que <span style="font-weight: bold;">adoro as tuas mãos</span>. é por isso que recordo minuciosamente os teus dedos finos e como eles se movem. quando eles acariciam as cordas da guitarra e tu semi-cerras os olhos como se conseguisses sentir a textura da música.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="font-weight: bold;">sempre tive ciúmes da tua guitarra</span>. e da tua crueldade. e da tua frieza. e de seres o mais forte. e de ti. do que conseguias ser sem te esforçar. do eco do teu sorriso e do timbre da tua voz. e de tudo o que não se encontra porque só pode ser teu.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">quis ter tempo para te tocar, para memorizar todos os traços da tua cara ou os desenhos do teu cabelo de Outono .. quis tantas coisas, tantas. e quis-te a ti.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">na verdade sempre soube que estás morto, que és fumo, poeira ou cinza negra. que és inalcançável, uma linguagem muda presa num lugar longe do meu alcance. e desta vez soube-o mais. como quando achamos que sabemos descodificar sinais, silêncios ou olhares e, afinal, errámos tanto<span style="font-weight: bold;">.</span> ou quando achamos que sabemos amar mas nem nos conhecemos.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">agora.. agora somos estranhos que já se encontraram à distância de um respirar.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">as notas das tuas melodias ouviram-se, uma última vez. e ouvi-te, toquei-te, senti-te. quis-te sem querer.. perdi-te de propósito. vi caminhos, escolhas. línguas, corpos, presenças. desespero com esperança em emergir. eu à espera de ti, tu à minha procura. <span style="font-weight: bold;">os teus dedos finos. os teus olhos escuros.</span> as palavras que não acabaste, as que nunca começaste... não as quis, de tanto as querer, e não te quis, de tanto esperar. <span style="font-weight: bold;">odiei os teus dedos que encaixavam nos meus e adorei os teus olhos que já não queria ler.</span></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">a parte de mim que arrastavas contigo também morreu ali; melhor morta do que viva sem ti. do que arrastada por diversão ou esquecimento.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">a música ecoou durante outros tantos segundos... infinitos... mas tão curtos. ficámos juntos naquele momento, com a eternidade à frente de nós.. e ambos a negámos.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">consegui ter a tua crueldade. a tua frieza. ser tanto sem tentar. consegui-me desprender de ti.. acho.. porque <span style="font-weight: bold;">quis partir a tua guitarra</span>, que te roubava tanto de mim. porque quis abandonar a tua voz, o teu jeito de falar, o teu jeito de pensar, o teu irrealismo e a tua certeza. quis odiar tudo em ti e quis amar tudo um pouco.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">acho que o segredo de ter alguém, é saber perdê-la.. deixá-la ir. digo isto porque acho que quando te deixei ir, foi o único momento em que te tive. e amar ... é sentir quando já não se tem, tal como eu te sinto, por vezes.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">sempre acreditas-te que nada acontece sem uma razão.. eu também pensava assim. ironicamente ou não, foste tu que me tornas-te céptica a estas corridas com o tempo; nunca me conseguiste dar uma razão.. então eu deixei de acreditar que a razão exista. quando se ganha algo, perde-se algo. e quando se perde .. ganha-se. que diria a razão à cerca do que eu ganhei quando te perdi?</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">agora que a tua melodia caiu no sossego.. <span style="font-weight: bold;">parte de mim vai sempre adorar os teus dedos e a tua guitarra.. e os teus olhos frios</span>.. e a crueldade dos teus movimentos. parte de mim vai amar cada traço de ti, até mesmo aqueles que não consegui memorizar. e essa mesma parte vai admirar como há recantos e partes de nós que se encaixam como um puzzle e tu nunca te apercebeste disso. parte de mim vai-se rir de quantas vezes já repeti os teus olhos, os teus dedos e a tua guitarra.. e como não me cansei.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">parte de mim vai esperar que um dia me despertes, ou que um dia me adormeças de vez. parte de mim vai ter saudades tuas.. a outra vai despedir-se e não vai querer olhar para trás.. porque a vida, .. a vida é minha e não tua.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">amo-te por metade, digo adeus por outra.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">adormeci nos teus braços.. por favor, deixa-me dormir mais um pouco. não me acordes agora.. talvez, silenciosamente, te peça:<span style="font-weight: bold;"> não me acordes nunca mais, amor.</span></span></div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-5031468059288610512010-11-24T09:25:00.000-08:002014-01-24T14:45:43.537-08:00em ti<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">hoje escrevo embriagada. sinto-me como numa roldana giratória, com o sangue afogado em inexistências. com um medo de nós, com um medo de tudo. como um passo a mais que foi de menos. irónico. naufrágio do meu ser. morte de anseios de um nós mal enforcado. uma ceguês doente. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">as mãos que se entrelaçaram e se esquecem. as almas que se cruzam e depois morrem. um sonho que nada era. o teu sonho que era tudo. a vida num segundo, um segundo numa vida. quem se atreveu e se queimou, quem se queimou e se deixou arder. um desligar de emoções, uma imperfeição perfeita para nós. um delinear do que nunca quiseste em função do que és. uma espingarda juntos dos teus olhos, que expulsas com o medo de expulsar. os toques. os teus toques. aqueles que te tocam. a vida que te toca. a vida que te arranca. a vida que te empurra. a força que te ergue. a força que tu congelas e eu derreto. os cabelos que arrancas e a pele que rasgas em busca do teu coração. as veias que desenhas porque não sabes existir. as veias que não existem mas tu sabes que se movem. que te movem. que te fazem o que não és e o que não tens.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">como eu olho para ti. como o teu frio se entranha em mim. como o nada que dás é um tudo para quem te ama. para quem te procura entre pedras, calçadas e fantasmas do passado. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">como quando estavas. quando eras o que desaprendeste a ser. quando sentias e eras humano. quando éramos humanos. quando não éramos monstros, lendas. imagens desfocadas que o vento não cuidou. que a água molhou. que o céu negou e o teu pequeno inferno pessoal provocou. e respiravas. oxigénio e não fumo. e não te intoxicavas no suor do teu correr. não eras letal. não eras pouco senão muito. e corrias os meus cabelos com a tua alma. incendiavas-me com o teu calor. e eu era tua. e sou tua. mas completa. não rasgada e sem voz. não escondida no que não me esconde. mas viva no teu viver. a viver na tua vida. por vontade. com garra. com o teu sarcasmo crónico, com o teu amor inteligente. e o teu suspiro adormecia-me, beijava-me o sono e os sonhos. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">agora és fumaça. vapor. humidade. entranhas-te mas não te sinto. não me adormeces. fatigas os meus sonhos. cansas a minha sombra e matas os meus olhos. <span style="font-weight: bold;">eu sópro para que desapareças mas, sem querer e porque não há querer, sópro a minha alma e ela vai contigo</span>. e dá a volta ao mundo. dá a volta a ti. fica em ti. vive em ti. morrerá em ti.</span></div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-81942977094741618032010-11-05T09:54:00.000-07:002014-01-24T12:15:28.216-08:00alma de neve<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">sei que és venenoso, como uma serpente de olhos de vidro e língua cansada. sei de cor a tua boca amaldiçoada e o teu corpo invisível. e já provei o teu suspiro letal que corre nas minhas veias dilaceradas, como um transe animal e desumano, e me aproxima de ti em distâncias absurdas.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">quero-te. um pouco mais perto. a uma vírgula do meu sangue. vem, um pouco mais. até sentires o odor do anseio que espetaste em mim. olha para mim, com o brilho que escondes, e deixa-te vir neste tango de mel e sal. vamos entrelaçar o que nos separa e tu vais dizer que me amas enquanto eu sei que é mentira. vamos correr descalços e sobre vidros partidos até eu perder o ar e depois eu vou deitar a minha ingénua cabeça sobre o teu peito forte e incansável e vou contar o silêncio que se instala entre cada batida do teu coração. tu vais-me dar a mão e eu vou agarra-la insanamente sabendo que é a primeira e a última vez que a seguro. vou olhar para os teus olhos e vou reparar em linhas e cores que nunca mais ninguém viu e vou memorizar a distância de cada traço que te define. vou saber o porquê de cada marca que a vida riscou em ti e vou saber o porquê de cada gota que derramaste. vou soltar a tua mão e algemar o teu corpo a mim, deixar-nos rolar pela relva húmida e triste deste melancólico Outono. vou-te salpicar com as minhas lágrimas e tu vais-te rir porque sabes que és tudo o que quero e a cor da minha alma. e depois, enquanto me envolves numa concha fechada, eu vou adormecer sem esquecer que, quando acordar, já estarás bem longe de mim. que vou ficar sozinha, deitada na mesma relva onde rebolámos, afogada nas mesma lágrimas com que te salpiquei, sobre as mesmas estrelas em que me embalaste. e vou saber que nunca te dei a mão, nem nunca adormeci com o teu calor. vou saber que nunca serás uma realidade para mim, mas que és o que dela mais se aproxima. <span style="font-weight: bold;">vou saber que não te posso deixar de amar, porque te tenho debaixo dos braços.</span></span></div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-79351351404814537912010-10-26T16:21:00.001-07:002014-01-24T14:36:45.063-08:00metásteses ordinárias<div align="justify">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">eu já deixei escapar muitas pessoas na vida. umas o tempo apagou e gastou, outras preferi ser eu a extinguir . mas perdi-te a ti. demasiado cedo, demasiado tarde. talvez nunca te tenha perdido no sentido literal, porque nunca me pertenceste. mas, o meu orgulho, a minha esperança insensata.. seja o que for; leva-me a acreditar que nós somos donos de toda a gente. mesmo que leve apenas a eternidade de um suspiro, todas as pessoas nos pertencem uma vez. todas as almas se tocam, se completam e se mudam.. e tu tocaste-me . moveste-me. mudaste-me. fizeste-me ser mais, fizeste-me ser menos. foste mais do que eu queria, foste menos do que eu esperava. mas se me soubeste completar, esse espaço não vai nem pode alguma vez ficar vazio e frio. desprovido da vida que enchi com o mais singular e irresoluto pormenor, com a mais peculiar insanidade . eu nunca vou esquecer os sorrisos das tuas promessas e os toques das tuas sentenças. nunca. porque se as nossas almas se encontraram e se fundiram nesse segundo, encontraram-se e fundiram-se <em>porque sim</em>. <strong>erro de lógica, certeza do coração.</strong> e tu és a pessoa que não vou esquecer, porque jamais quererei fazê-lo. e mesmo que no futuro te tornes apenas num fantasma do passado que desistiu de me assombrar, serás sempre o que foi melhor para mim; o que eu quis que fosse melhor. e a Terra vai rodar em torno do Sol , mais uma e outra vez. e a minha alma vai ser tocada e pisada por outros, uma e outra vez. esse é o ciclo a que o amor se resignou e a ele eu me resignarei também . apenas lamento que o Mundo nos faça perder a cada instante. que um dia vá perder quem mais estimo e preciso, tal como te perdi a ti . que um dia me vá perder a mim própria e a razão seja escassa e pouco credível. mas sobre isso tenho algo a dizer, as tuas memórias foram um caminho que escolhi percorrer e espero nunca escolher apagar. <strong>não morreste, apenas escolheste adormecer</strong>.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"></span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"></span></div>
<div align="right">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><strong>assim, eternizo-te</strong></span></div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-6868282493350606252010-10-12T13:15:00.000-07:002014-01-24T14:46:51.251-08:00a feliz incerteza<div align="right">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><i>"The reason it hurts so much to separate is because our souls are connected."</i><br />— N.S</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div align="right">
</div>
<span style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">já não consigo acreditar em ti, em nós. deixei de conseguir ver lágrimas escondidas no teu sorriso e nunca foi difícil. tocar o teu coração petrificado com palavras. percorrer os teus cabelos com juras caladas. prender-me no teu olhar e sentir a tua brisa cálida a desvendar tudo o que amarrava no meu sigilo. passar as noites quentes de um Verão amargo, de olhos fechados, embalada pelas tuas sentenças. sentir o sangue a borbulhar de um pouco de nada.</span></span><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: x-small; text-align: justify;">nunca me custaram os teus pontapés secos, os teus tiros de balas incertas. nunca te custou o meu amor irreverente, com pouca coerência ou lógica. ou as rugas da minha tez, marcadas por um âmago incompleto. </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: x-small; text-align: justify;">nunca te custou este monstro mal-amado que nos empurrava, com mãos educadas, contra mundos diferentes. ou a falta de alma que marcava as tuas indecisões e escolhas.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small; text-align: justify;">e nunca custará. nunca será uma tarefa árdua; nem para mim, nem para ti. nunca seremos perfeitos, as nossas roupas nunca irão combinar e eu nunca deixarei de me pôr na ponta dos meus pés para te conseguir olhar nos olhos.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: x-small; text-align: justify;">tu serás sempre a criança que me fez cair, e eu quem não soubeste apanhar.</span><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"></span>Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-11116670192525795352010-08-28T19:16:00.000-07:002014-01-24T14:50:19.406-08:00traços e pedaços de nós<div align="justify">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">passámos horas em irresolutas permutas de promessas, umas em gritos, outras emudecidas. foste apto de permanecer neste lugar em que evoco existência, dar pujança ao ânimo que era um nada alienado de mutilações. só tu arranjaste aptidão para me contar que as alvoradas sujas e a lua inquieta não se receiam. que não devo insistir em amarfanhar utopias apenas porque não se desencaracolaram. tu és, desde o momento em que o meu coração emboto e demente te adivinhou, o semideus do tempo sossegado, o herói do meu capricho; assim que aferrolho os olhos em nada. explicaste que existem troféus que somente nos pertencem se forem independentes. livres com um pássaro, <strong>livres como tu</strong>.<br />eu implorei-te melancolias e facultaste-me um éden de ti, que amparas sob a tua tez indecisa e faz de ti o meu espaço. sei precisamente o ensejo em que soube que irias alterar a minha vida. sei meticulosamente o momento em que te estremeci. sei cautelosamente o momento em que senti a tua carência e sei que <em><strong>desde esse pulsar intoxicado nunca deixei de sofrer o teu suspiro sanguíneo no arrepio que valsa pelos traços e pedaços da lua, de nós.</strong></em></span></div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-79658949728940729962010-08-04T11:20:00.000-07:002014-01-24T14:57:45.356-08:00afinal<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">é uma fraqueza mais escarpada e sedenta, que palmilha os meus esconsos mais íntimos, sugando o sangue que já circula de forma mais morosa e anti-racional por genuína renúncia de mim. sim, desisti de mim, do que há em mim. e toquei o fundo trémulo, num salto pouco calculado, pelo que em mim criaste – este bem-querer insensato e lacerado. sinto-me esvaziada, desproporcionada de intuição como se, para além da minha alma, tivesses também extorquido, após eu facultar esse furto ordinário e egoísta, o meu coração. mas, apesar desse frio apagado me humilhar os olhos e deslustrar as linguagens, não posso jurar querer o meu centro vital de volta. quando me desenraízas a pele e nela teces os teus jogos, com pontadas lentas e calculadas, sinto a tua essência demente a incendiar-me os pulmões; e eu gosto. de ter etiquetas do teu altruísmo, nódoas da tua voz… um pouco de ti, em mim.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">já reparas-te como o mar e a areia se assimilam a nós? tu és possante e ninguém te controla ou detém e eu sou efeminada e insisto em me aprisionar a ti. o teu magnetismo asinino, e a areia esmagada e deixada para trás. depois vens e deixas-me experimentar o teu salgado… mas nem permites que ele faça efeito – foges e só voltas quando queres, como queres e dás sempre o mesmo. mas, apesar do selvagem dos teus acenos, a tua toxicidade transformou-se num antídoto ao meu aniquilamento. enquanto te afronto, enquanto demando a tua sinuosidade melíflua, … procuro algo com sentido, com uma lógica escassa mas suficiente para mim. e isso mantém-me viva.</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: x-small; font-weight: bold; text-align: right;"><br />afinal conseguimos viver sem coração, vês?</span></div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-31501498597173503582010-08-01T09:30:00.000-07:002014-01-24T15:15:13.928-08:00a absoluta<div align="right">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><strong>Não te consideres superno, amor, fui eu que te deixei ir...</strong></span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">fui eu que te dispensei. que te consagrei esta partida vaga, porque renunciei ceder às tuas colocações caprichadas, ingénuas e medíocres. e sabes disso, melhor do que os episódios que </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: x-small;">emudeceram os meus gritos</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: x-small;">, melhor do que os toques que se consumiram no maléfico dos teus acenos. por isso não te galanteies com a tua insensibilidade apática, nem me ataques com esta indiferença torturante – foste e sempre serás quem primeiro por mim procurou.</span></div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-1898310906913400692010-07-10T09:30:00.000-07:002014-01-24T15:14:06.987-08:00heart is a lonely hunter<div align="center">
<a href="http://tinypic.com/?ref=14bmfzl" target="_blank"></a></div>
<div align="right">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><strong><i>& that's why love kills you faster than anything, you know?</i></strong></span></div>
<div align="right">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><i><strong></strong></i></span></div>
<div align="justify">
<i><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"></span></i></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><br />há instantes em que considero que não vives. que não existes ou que estás metamorfoseado em pó para que não te contemple. disfarçado em mudez para que não te perceba. transfigurado em ausência para que não te experimente.és apenas ardor que me queima e me extingue. <em>apenas tu.</em></span></div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-77904736993957817262010-06-27T08:52:00.001-07:002014-01-24T15:23:03.945-08:00tempo<div align="right">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><i>- o que não nos mata, torna-nos mais fortes.<br />- então o que não nos torna mais fortes, mata-nos?</i></span></div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-13432443177585967702010-06-14T14:29:00.000-07:002014-01-24T15:31:02.229-08:00crença<div align="center">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">só suplicava um momento. um avarento segundo em que dominasse as tuas mãos, com os dedos emaranhados e as unhas cravadas em ti. um instante em que pudesse escutar as tuas palavras atarantadas a percorrer a minha epiderme e a engrandecer a violência dos meus batimentos cardíacos. será desejar muito? um pouco de ti?<br />ainda recordo o entrance de mente que se proporcionou quando te acorrentaste no meu corpo. de quando me atracaste nas tuas pernas e me hipnotizaste com os teus olhos inclinados.<br />alimenta o meu fôlego, compromete-me o anónimo, faculta-me o ansiado. mostra-me o abismo do teu ser, trava-me estes prantos de remota nostalgia. prende-me no infinito e devora-me. disseca-me a alma, <strong>se quiseres</strong>. mas não te expulses de mim. não me negues quando te alcanço. não permitas mais jogos frenéticos. não prolongues os compassos de tensão. extingue este monstro que em mim desenvolveste. este assombro ímpassivel que descansa nas entranhas do teu bem-querer.<br />mostra-me que estava certa quando acreditei nas tuas filosofias sarcásticas e no ardente que fundia os nossos espíritos. quando te promulguei o meu sol da meia-noite. quando te estremeci. quando te amei.</span></div>
<div align="justify">
</div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-90411259013488382872010-06-04T15:10:00.000-07:002014-01-24T15:39:52.366-08:00âmago<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: x-small; text-align: justify;">e, mergulhada nos seus prantos melancólicos, correu para o baloiço ferrugento que rangia ao sabor do vento. impulsionou-o e depois deixou que ele abrandasse levemente por si. quando este terminou a sua viagem, ela assentou os pés firmemente na relva seca e olhou os dedos gretados. as feridas da sua alma incerta. </span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">gritou por ele, sacudiu o espírito, proclamou-o. mas o silêncio ecoou sem recordação ou vestígio. os seus olhos cobertos de lágrimas alcançaram o reflexo que a lua impunha ao lago sórdido e ela rastejou até ele. com o desejo ardente de encontrar, por entre a claridade astral, uma ruína do que entre os seus dedos escapou. atingiu a água numa respiração anelante, mergulhada num lamento melancólico e doce, e deixou o frio da insensibilidade palmilhar o seu âmago. mentiu ao luar, derreteu a consciência, matou a espera interminável.<br />por fim, enquanto se sufocava na sua privação, reconheceu a essência dele. emergiu, num ápice insano, na realidade suave e apaixonada que ansiava impetuosamente. descansou no seu colo e enterrou o rosto nos seus cabelos. inalou-o, demente e suja. os olhares pincelaram-se. engolidos no melífluo que os delineava. fizeram promessas mudas e ele rasgou finalmente a máscara de cera que o protegia e contornava. conseguiu ler-lhe as entre-linhas e guardou no seu alento o oculto e o subentendido. devoraram-se esfomeados, pertenceram-se numa força insuperável. entrelaçaram as almas e cravaram juras atarantadas. eternizaram-se. <span style="font-weight: bold;">posso rasgar a tua?</span></span> </div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-91765222004310753652010-05-30T11:05:00.000-07:002014-01-24T15:51:26.156-08:00tortura<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">centímetros. e eu sinto a tua essência atarantada e diabólica. reduzo escrupulosamente, evocando as matemáticas mais minuciosas, os centímetros a milímetros e consigo sentir a tua brisa cálida a degolar-me os sentidos. envolves a tua mão firme na minha cintura e eu impulsiono-me até que os nossos corpos se fundam. nunca estivemos tão perto e eu sinto o meu coração a dilacerar-me a garganta. a devorar-me a sanidade e a moderação. cravo as minhas unhas nas tuas costas, como se se te arrancasse um pedaço de carne te tornasses meu. mais do que já eras. te tornasse imortal nos meus braços. proclamo o teu nome usado, num suspiro sôfrego, e empurras-me contra a parede. asfixias-me no compasso de espera e eu afogo-me nas tuas sentenças mudas. mutiladas. apagadas. reduzes a tua eminência e fixas os teus dentes nos meus lábios. afastas a magnificência do teu ser e os teus olhos encontram os meus, jurando amor corrosivo e implorando redenção. sabes que chegaste demasiado tarde. sei que chegaste demasiado tarde. mas procuro, enquanto as lágrimas me lambem a presença, o teu beijo. esperando por mais. mais frequentes. mais nossos. e arrancas-me cabelos, passeias no meu corpo. reduzes-me a pó. dás-me tudo o que quis. o meu sangue congela, os meus passos trocam-se. fico embriagada de ti. palpitas nos meus contornos e os meus músculos prendem-se em caimbrãs desfiguradas. mas não me importo que me enfeitices assim, que me devores a alma e nos tornes eternos.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">e depois de te desenhar em mim, desperto na realidade crua. foi apenas mais um sonho. nunca serás meu.</span></div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686459493273538364.post-28623456822663730262010-05-24T09:34:00.000-07:002014-01-25T18:30:40.672-08:00jogas?<div align="justify">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">já não nos metamorfoseamos na força insuperável do tempo, nem nas orações satíricas</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: x-small;"> que verbalizas com cada trejeito. a noite deixou de ter efeito em nós, deixou de nos fundir, deixou de nos imortalizar. mas, no intimo tua alma esfomeada, continuas sem me esmagar por completo. sem cuspir tudo o que de mim detens. fraco.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">chamas-me. eu corro descalça sobre todas as pedras que expulsas.. mas perdes as forças. morres. e é o meu ranger de dentes, o meu entrelaçar de promessas que te é inútil. sou eu que te sou incógnita e impermeável. e preferes correr de algo que a ti se assemelha. cobarde.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">e não te cansas. aproximas-te em passos mudos. sofro o teu hálito morno no meu alento e rasgo-o de fatalidades. fico presa à tua essência, rendida ao teu espectáculo de marionetas. depois, foges de forma tão infernal e analisada, que te aproximas de uma miragem que o tempo esgotou e riscou. e aí sabes que a minha alma vai gritar por ti, vai rasgar-me a garganta e roubar-me a transparência. e tu não voltas. nunca. continuas nesta correria estúpida a esfaquear-me esperanças atarantadas. apenas porque não sabes se queres ficar. criança.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;">mas se voltares eu não vou negar. não consigo. não vou empurrar-te. vou prender-te a mim, vou devorar-te as dúvidas. vou entrelaçar os meus dedos nos teus, e enrolar o teu cabelo cada vez que essa for a minha vontade. não és tu que vives de vontades? de vontades e de momentos? então assim será. vamos jogar o teu jogo reles e fútil. vamos arrastar-nos um para o outro, sentir o toque ávido e sôfrego... e depois fugir, negar, pontapear. mas relembra-te porém, que eu posso tornar-me tão boa jogadora como tu e posso já estar eu viciada em jogar desta tua forma destruidora. e aí vai ser tarde demais, para ti. </span></div>
Daniela Martinshttp://www.blogger.com/profile/01026347801051432242noreply@blogger.com0