quarta-feira, 4 de agosto de 2010

afinal

é uma fraqueza mais escarpada e sedenta, que palmilha os meus esconsos mais íntimos, sugando o sangue que já circula de forma mais morosa e anti-racional por genuína renúncia de mim. sim, desisti de mim, do que há em mim. e toquei o fundo trémulo, num salto pouco calculado, pelo que em mim criaste – este bem-querer insensato e lacerado. sinto-me esvaziada, desproporcionada de intuição como se, para além da minha alma, tivesses também extorquido, após eu facultar esse furto ordinário e egoísta,  o meu coração. mas, apesar desse frio apagado me humilhar os olhos e deslustrar as linguagens, não posso jurar querer o meu centro vital de volta. quando me desenraízas a pele e nela teces os teus jogos, com pontadas lentas e calculadas, sinto a tua essência demente a incendiar-me os pulmões; e eu gosto. de ter etiquetas do teu altruísmo, nódoas da tua voz… um pouco de ti, em mim.
já reparas-te como o mar e a areia se assimilam a nós? tu és possante e ninguém te controla ou detém e eu sou efeminada e insisto em me aprisionar a ti. o teu magnetismo asinino, e a areia esmagada e deixada para trás. depois vens e deixas-me experimentar o teu salgado… mas nem permites que ele faça efeito – foges e só voltas quando queres, como queres e dás sempre o mesmo. mas, apesar do selvagem dos teus acenos, a tua toxicidade transformou-se num antídoto ao meu aniquilamento. enquanto te afronto, enquanto demando a tua sinuosidade melíflua, … procuro algo com sentido, com uma lógica escassa mas suficiente para mim. e isso mantém-me viva.
afinal conseguimos viver sem coração, vês?

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