quarta-feira, 19 de maio de 2010

escorpião

tu, a minha sombra na luz. eu, a tua luz na escuridão. grita-me, confessa seres a entidade faminta pelos meus recintos. que vais voltar, escondido na tua eterna pujança, e que te vais apoderar da minha claridade. reduzir-me a cinzas nostálgicas. sei. que apenas amas fervorosamente ou odeias eternamente. que és um extremo irredutível. que tens fogo no lugar de sangue. que és um assombro impenetrável e avassalador. que tornas os nossos momentos no teu inferno pessoal. numa tentativa de me concretizares despida de enigmas, com sede de ti, a arrastar-me pela calçada íngreme e ríspida.
o teu olhar de brasa viva. os olhos escuros que se inclinam para quem olhas. os reflexos carinhosos que exaltam. o brilho de quem se ri sozinho. porque possuis este poder satírico? estes rituais mórbidos e inquietantes que me dissecam toda a existência?
a forma como encontras na doença um poder de regeneração. quando mergulhas na tua escuridão e esfaqueias delitos. duro. impiedoso. intransigente. a capacidade que tens de me pontapear quando me excluis do teu esquema de pensamentos. quando te reges pelos teus mandamentos, repletos de essência dos pecados capitais, e me manipulas. me levas onde queres.
a tua inteligência. a tua perspicácia imune. como me penetras e absorves o inédito.
a tua eficácia pouco vulgar, quando detectas os meus argumentos frágeis e pontos fracos, e os usas como alimento ao maquiavélico do teu ego. como gostas de segredos fúteis, rodeios improvisados. e com eles tens o poder de me aspirar a natureza e os anseios, sem revelares um único milímetro do teu ser.
como os obstáculos te estimulam e o perigo te concretiza inteiramente. como me envolves-te nos teus jogos subtis e como me deixaste cair nas tuas garras impiedosas. como gostas do poder de 'vida ou morte' que me detens. como admiras a arte de me deixares mergulhar no desespero absoluto. como te propões como um desafio sucessivo, um desprezo atencioso, grito de amor odioso.
como procuras-te em mim a tua guardiã sublime e pura. e como me castigaste quando cedi. 
o desprezo que devolves ao amor, a capacidade que tens de reconhecer que isso só torna cada detalhe mais intenso.
 porque já não me procuras, agora que conjecturo o teu mecanismo? que me defendo dele e consigo desmontar a tua armadilha intelectual? ainda estou aqui.

2 comentários:

  1. Ai Daniela, Daniela...realmente é incrível a maneira como te exprimes. Mas noto tanta tristeza e tanto sofrimento no que escreves...e disso não gosto.

    Já sabes que estou aqui para te ajudar no que precisares...é só pedir. Nem que seja só para falar, às vezes faz bem. ;)

    Gostava que usasses o teu blog para falar de outros temas, contar outras estórias...
    Mas o espaço é teu e tu é que decides o que escreves e o que deixas de escrever por isso...

    Beijo,
    Hugo

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  2. meu amor, escorpiao é de caralho :b shaninha é escorpia, acha-se a maior :)
    já sabes o que acho acerca disto, e a minha teoria bate certo com o meu signo e o dele ;) eu 'melhor que ninguem' sei como as coisas funcionam com os escorpiões e sei bem o que eles pensam, e ja sabes a minha versão desta historia maravilhosa.
    Tji amô, alexandrasalgado.

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