sábado, 1 de maio de 2010

novelos

e então ele puxou-a e disse-lhe que a amava com todas as forças que retinha. que sem ela de nada valiam as súplicas desenfreadas e o desenraizar de cabelos. que por ela arrancava os olhos, só para lhe dar o deleite de o ver chorar lágrimas de sangue. debruçou-se num espasmo corporal e acariciou os seus cabelos, para que pudesse sentir a seda acastanhada por entre os seus dedos, para que a pudesse tocar. e os seus lábios ressequiam, como se a sua alma extinta lhe consumisse a saliva. e ela beijou-o como nos tempos de remota monotonia, por o querer distante mas não conseguir ausentar-se da sua presença. e o coração desfez-se brutalmente em cinzas, nas suas silhuetas, com rasgões imoderados. ela percebeu que amar era pouco, que ele era o seu amor depravado e corrupto, o seu ponto culminante de prazer. e despedaçou-lhe a pele suavemente para que a mágoa fosse minimal e prolongou esse tormento fazendo o mesmo a si própria. assim foi perpetuamente imortal. às vezes queria tanto eternizar-te.

3 comentários: