segunda-feira, 24 de maio de 2010

jogas?

já não nos metamorfoseamos na força insuperável do tempo, nem nas orações satíricas que verbalizas com cada trejeito. a noite deixou de ter efeito em nós, deixou de nos fundir, deixou de nos imortalizar. mas, no intimo tua alma esfomeada, continuas sem me esmagar por completo. sem cuspir tudo o que de mim detens. fraco.
chamas-me. eu corro descalça sobre todas as pedras que expulsas.. mas perdes as forças. morres. e é o meu ranger de dentes, o meu entrelaçar de promessas que te é inútil. sou eu que te sou incógnita e impermeável. e preferes correr de algo que a ti se assemelha. cobarde.
e não te cansas. aproximas-te em passos mudos. sofro o teu hálito morno no meu alento e rasgo-o de fatalidades. fico presa à tua essência, rendida ao teu espectáculo de marionetas. depois, foges de forma tão infernal e analisada, que te aproximas de uma miragem que o tempo esgotou e riscou. e aí sabes que a minha alma vai gritar por ti, vai rasgar-me a garganta e roubar-me a transparência. e tu não voltas. nunca. continuas nesta correria estúpida a esfaquear-me esperanças atarantadas. apenas porque não sabes se queres ficar. criança.
mas se voltares eu não vou negar. não consigo. não vou empurrar-te. vou prender-te a mim, vou devorar-te as dúvidas. vou entrelaçar os meus dedos nos teus, e enrolar o teu cabelo cada vez que essa for a minha vontade. não és tu que vives de vontades? de vontades e de momentos? então assim será. vamos jogar o teu jogo reles e fútil. vamos arrastar-nos um para o outro, sentir o toque ávido e sôfrego... e depois fugir, negar, pontapear. mas relembra-te porém, que eu posso tornar-me tão boa jogadora como tu e posso já estar eu viciada em jogar desta tua forma destruidora. e aí vai ser tarde demais, para ti.

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